Os Preços dos Chapas já não vão subir, segundo os resultados da negociação entre o governo e a Federação dos transportadores (FEMATRO), que se prolongou pela noite de ontem para resolver a questão das manifestações que paralisaram muitas actividades na cidade de Maputo.
Na manhã de hoje as pessoas fizeram-se à rua, mas para sua surpresa os transportadores não estão a circular, provavelmente devido a vários factores. Um deles é provavelmente o medo dos transportadores de serem violentados pelos populares pois a situação de ontem criou algum medo no seio dos motoristas e cobradores dos chapas.
Outro factor pode ser uma provável greve silenciosa por parte dos transportadores pois segundo alegam, eles é que estão a subsidiar os passageiros quando devia ser o Governo a fazê-lo, e com os preços actuais não é possivel cobrir os custos de exploração e muito menos lucrar neste negócio concorrencial.
E agora ? quem subsidia a quem ? por um lado temos os transportadores que dizem que os custos de combustíveis são altos e que são insustentáveis; por outro lado está o cidadão que defende que os salários são baixos e a estes preços dos transportes o custo de vida é insustentávelmente alto; e por outro o Ministério dos Transportes e Comunicações que procura mediar de alguma maneira a situação.
muito interessante o seu artigo. coloca perguntas pertinentes. e agora o que fazer? como resolver esta situação?
LikeLike
CARTA ABERTA AO PRESIDENTE DA REPUBLICA A PROPOSITO DA REVOLTA POPULAR EM MAPUTO! >Sua Excia Senhor Presidente da Republica,>>Excia,>>>Dirijo-me a si, na sua qualidade do mais alto magistrado da nacao!>>>Excia,>>Um acontecimento sem precedentes registou-se ontem na capital do pais. Pela primeira vez depois da independencia nacional a populacao de Maputo saiu a rua com um unico proposito- dizer de forma clara e inequivoca de que ja esta farto das instituicoes estatais e que pelo menos desta vez, iria resolver os seus problemas, usando as suas proprias maos! Trazendo para si, a solucao dos seus problemas! E para surpresa de todos, RESOLVEU!>>Excia, como deve se recordar os manuais da teoria do estado, dizem que o estado nasceu quando o povo decidiu passar parte da sua soberania para uma entidade propria, em troca de bens publicos -seguranca, estradas, justica entre outras. E que tal entidade exerceria o poder e a soberania ’emprestada’ em nome desse povo, estabelecendo assim uma especie de contrato social, com direitos e deveres de ambas as partes!>>So que no nosso caso Excia, parece que o contrato social se rompeu, ou esta em vias de se romper. Uma das partes, o povo, cansou-se da ineficiencia da outra. Cansou-se e parece que quer recuperar, se nao toda, pelo menos uma parte dos poderes ’emprestados’. So que Excia, a historia mostra-nos que quando o poder cai na rua, as consequencias podem ser catastroficas, porque muitas as vezes ao inves de usar a razao, o povo pode decidir baseado em emocoes, com consequencias catastroficas para ele proprio e para o estado. >>Excia, dizia eu, que um acontecimento sem precedentes se registou ontem. Um acontecimento que a seu ver pode parecer minusculo, uma pequena ranhura no edificio da democracia. Mas essa ranhura pode ser apenas a ponta do iceberg! Oxala estejamos enganados.>>Este acontecimento deve ser analisado de forma franca e fria pela sociedade mocambicana. Pela classe academica, empresarial e politica, porque pode vir a ter consequencias graves para a legitimidade e sobevivencia do estado mocambicano.>>Uma coisa e a populacao de um bairro fazer justica pelas proprias maos, aticando um pneu na rua, ou no corpo de um suspeito ladrao ou assassino. Outra coisa, e a nosso ver, a populacao de varios bairros, quase que de forma espontanea sair das ruas e dizer nao a uma medida social.>>Criou-se um precedente. E o ‘recuo’ do governo ou de quem quer que tenha tomado a decisao, mostrou inequivocamente e feliz ou infelizmente, que a solucao, por mais racional ou irracional que pareca , FUNCIONA!>>Ora funcionando entao, a logica dita que pode vir a ser re-activada! E ao ser reactivada, quando as circumstancias assim o obrigarem, estara consumada a des-legitimizacao do estado, que infelizmente iniciou a anos, mas que ontem atingiu um ponto sem retorno!>>Excia,>>Os sinais de uma possivel convulsao social nao sao de hoje. A justica pelas proprias maos, a nao participacao nos actos eleitorais ou seja o elevado numero de abstencoes em momentos eleitorais, o crescimento da criminalidade, os niveis de corrupcao endemica, a fraca produtividade, sao sinais inequivocos de uma sociedade amordacada que clama sem ser ouvida. Ou por outra, de uma sociedade que no minimo nao tem mecanismos para ser ouvida e influenciar decisoes. E isso e grave Excia. >>Como deve saber Excia, nao e por acaso que as tampas das panelas tem furos. Furos esses que permitem que parte da energia proveniente do calor se va libertando aos poucos. Infelizmente, parece que a tampa da nossa panela social tem tais furos entupidos. E cabe a si, entanto que magistrado mais alto da nacao e por imperativo constitucional, tomar conta e ordenar a limpeza de tais ‘furos sociais’ para que a forca, a energia se va libertando de forma ordeira.>>A nosso ver, este aspecto deve ser analisado com algum cuidado. Recordemo-nos dos varios estudos sobre a situacao social e a possibilidade de erupcao de conflitos violentos em Mocambique, feitos por entidades quer nacionais quer internacionais(DfID, Swuiss Peace e outros).>>Excia,>>Gostaria de chamar a sua atencao para um outro ponto. O grau de violencia das manifestacoes, que nao pouparam as suas vitimas fossem elas agentes do estado ou privados. Ou seja a panela estava tao quente (e a populacao tao ‘aborrecida’) que nao lhe interessavam as consequencias dos seus actos. Foram partidas montras, partidos vidros de carros publicos e particulares, e mesmo um posto de abastecimento de combustivel nao foi poupado! E como mandam as regras de qualquer estado que se pretende de direito, a responsabilidade por estes danos cabe ao estado, pois e o estado que detem o monopolio da volencia e tem o dever de garantir a seguranca quer dos bens como dos individuos. E ontem o esatdo falhou nessa garantia.>>Mas para mim, acima de tudo isto ficou, uma mensagem clara e indelevel para a sociedade Mocambicana e quica para a comunidade internacional. O velocimetro que estamos a usar para medir a nossa velocidade nacional; o termometro que estamos a usar para medir a temperatura do nosso corpo nacional, nao e nosso e nem foi feito para seres humanos da nossa especie! A medida para os nossos problemas, o juiz do nosso progresso social nao e, e nao deve ser o Banco Mundial! >>Explico-me Excia,>>Os disturbios acontecem um dia depois de o presidente do Banco Mundial em pessoa, ter visitado o pais (Maputo, Sofala e Inhambane)e ter dado nao apenas uma nota positiva ao governo, mas sim uma nota de despensa!>>Estao Excia, como e que se explica que depois de despensar com nota de luxo, menos de 24 horas passadas temos a convulsao que temos?>>Para mim Excia, o povo, esse ‘animal’ soberano chumbou nao apenas a despensa dos senhores do mundo como dos seus colaboradores nacionais, que V. Excia representa, dizendo com voz propria e bem audivel-BASTA! >>Reflictamos pois mocambicanos sobre os caminhos a seguir! Tenhamos a coragem e destreza necessaria para longe de emocoes momentaneas ou Mandraianas, dicutirmos a sombra da mafurreira ou da mangueira o pais real- o nosso pais real e nao o pais deles. Sim, o pais real, e nao o ficticio ou das aritimeticas de Bretton Woods.>>Ja dissemos em varios foruns para quem nos quis ouvir que ‘crescimento economico nao e igual a desenvolvimento’!>>Nao permitamos que o nosso estado se des-legitimize ao ponto de nao servir para resolver os problemas mais elementares da sobrevivencia humana! O povo soberano falou, falta sabermos se os detentores do poder, a classe academica, empresarial e sobretudo a politica tem ouvidos para ouvir! Falta saber se havera destreza necessaria para diagnosticar o mal pela raiz ou entao, se uma vez mais, esconderemos a cabeca deixando o rabo de fora, dizendo que o ‘povo foi instrumentalizado’, que o povo foi ‘usado’ que as manifestacos foram ‘organizadas’ por forcas externas, os tais e eternos ‘inimigos do povo e da nacao mocambicana’. Afinal ‘Quem e o inimigo?>>Excia,>>Chega de Quenias, chega de Chades, chega de Liberias, chega de Serra Leoas, Eritreias, Congos!>>Defendamos a nossa sobrevivencia entanto que NACAO mocambicana! O senhor, como o mais alto magistrado da nacao, tem uma palavra a dizer na forma como e gerida a ‘coisa publica’! O seu silencio em momentos de convulsao social como esta preocupa-nos!>>Nao nos esquecamos nunca de que a soberania reside no povo e nao na comunidade internacional ou entao nas instituicoes de Bretton Woods, por mais uteis que sejam a nossa sobrevivencia!>>Aguardamos o seu pronunciamento e quica o cachimbo da paz social! >>Sabemos que recentemente fez anos. Tambem sabemos que acaba de celebrar tres anos do seu mandato. Seria de mau tom terminarmos esta carta sem lhe desejarmos parabens e ‘bom apetite’ no consumo da prenda que o povo de Maputo lhe ofereceu ontem!>>E mais nao disse!>>Manuel de Araujo>>Posted by MANUEL DE ARAÚJO
LikeLike