Basilio Muhate, economia de mocambique, Eleicoes 2019, Governo de Moçambique

FRELIMO destaca a INCLUSÃO FINANCEIRA dos Moçambicanos como factor de desenvolvimento económico no seu Manifesto Eleitoral

O aumento das possibilidades de os Moçambicanos terem maior acesso e fazerem uso dos produtos e serviços financeiros é uma das prioridades do Governo Moçambicano no sector financeiro. A promoção da Inclusão Financeira é uma das principais bandeiras que o Partido FRELIMO vem levando ao cabo, e um dos maiores marcos foi a aprovação, pelo Governo liderado pelo Presidente Filipe Nyusi, da Estratégia Nacional de Inclusão Financeira (2016-2022), que está a resultar na melhoria do uso e acesso aos serviços financeiros aos Moçambicanos. O Programa um distrito um banco é um exemplo concreto da expansão dos pontos de acesso, assim como vários instrumentos regulamentares aprovados para incrementar a inclusão financeira em #Moçambique 🇲🇿

No Manifesto eleitoral das presentes eleições de 2019, o Partido #FRELIMO compromete-se a continuar a promover o aprimoramento do quadro funcional, legal e regulamentar que permita a entrada de novos produtos e serviços financeiros que contribuam para a inclusão financeira, através de maior disponibilidade e proximidade dos mesmos.

Uma outra questão é o estimulo à expansão e diversificação do acesso e uso físico e electrónico dos serviços financeiros e levar a cabo acções que permitam impulsionar a melhoria do quadro legal, regulamentar e de supervisão para a protecção dos consumidores de
produtos financeiros.

Um dos desafios estruturais do nosso país é a promoção da criação de um Banco de Desenvolvimento meramente vocacionado ao financiamento de infra-estruturas e de projectos nacionais agro-pecuários e industriais, com destaque para as pequenas e médias empresas moçambicanas. Assim será caso a FRELIMO vença as eleições de Outubro.

E como o tema central destas eleições é o EMPREGO, o compromisso é que estas instituições financeiras prestem mais atenção à criação de emprego, ao empoderamento, à diversificação e desenvolvimento industrial, às pequenas e médias empresas e às cooperativas.

A Prioridade é que mais Moçambicanos tenham acesso aos produtos e serviços financeiros, para um crescimento e desenvolvimento económico mais inclusivo.

#EcontigoQueDaCerto
Basilio Muhate

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Basilio Muhate, Inteligencia dos Moçambicanos, Moçambique, Mulher Moçambicana, Sem categoria

A Psicologia do eu e do outro: reflexões rumo à operacionalização epistémica

Maria Passades Pereira*

O euismo, o outrismo e o nossismos são formas (ins)conscientes de ideologia e de comportamento de educação, de socialização, de culturação e, quiçá, de politização. A Narrativa Moçambicana precisa e deve ser indagada de forma cristalina por várias áreas do saber, não para encontrar a resposta ou fórmula mágica, mas, para juntas, estas áreas do saber terem ferramentas e instrumentos analíticos para ofertar a sociedade para um melhor entendimento desta desta bela narrativa com nome masculino: Moçambique.

Qual seria o contributo da Psicologia (Social) para o ethos Moçambique como um campo fértil, despido, cru, místico, completo, incompreensível, curioso e por lapidar? Ou por outra, esta elasticidade composta por uma (des)harmonia dos contrários é aqui pensada não de forma preconceituosa, mas sim, na sua relação entre o euismo e outrismo onde ambas levariam ao nossismo. Pois, para uns, a Narrativa Actual Moçambicana pode ser um campo de aberturas analíticas e, para outros, pode ser um campo fechado, linear e sem esperança, quando estes dois não comunicam, não procuram uma forma de entendimento, entram para um status quo nocivo que levaria a pontes quebradas, onde de um lado tens o eu e do outro lado bem distante tens o outro que pensa de forma diferente e, consequentemente, é visto como o eterno outro a abater (no sentido de: colocar à margem da sociedade e da cidadania), o que seria o nossismos.

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Basilio Muhate, Dino Foi, Educação em Moçambique, Frelimo, Moçambique, Mozambique Economics, Samora Machel

Discurso do Camarada Filipe Jacinto Nyusi, Presidente da FRELIMO, por ocasião da Abertura do XI Congresso

A UNIDADE, PAZ E DESENVOLVIMENTO COMO GARANTIA DA CONSTRUÇÃO DAS NOSSAS VITÓRIAS

Matola, 26 de Setembro de 2017

Camarada Secretário-Geral;
Camaradas Membros da Comissão Política;
Camaradas Membros do Comité Central;
Camarada Joaquim Alberto Chissano, Presidente Honorário;
Camarada Armando Emílio Guebuza, Antigo Presidente;
Camaradas Antigos Dirigentes dos Partidos Irmãos;
Estimados Membros das Delegações de Partidos Amigos;
Estimadas Delegadas e Estimados Delegados;
Caros Convidados;
Minhas Camaradas e Meus Camaradas;

Este congresso não inicia com a formalidade desta sessão de abertura. Começou muito antes, com a preparação e com o debate dos documentos que aqui iremos apreciar. O modo como os nossos militantes, do topo à base, conduziram esse longo e alargado processo é um exemplo da prática da democracia partidária no nosso país.

Os quadros que participam neste evento constituem apenas uma amostra do grande e variado leque de quadros que a FRELIMO se orgulha de ter. A todos esses quadros, os que estão aqui presentes e todos os outros que aqui não podem estar, que não se pouparam a esforços, dando riquíssimas contribuições, quero agradecer emocionado e de viva voz. Uma vez mais, fomos fiéis ao nosso princípio de auscultar as bases no processo de tomada das grandes decisões.

Neste, como nos anteriores Congressos, as nossas discussões e tomada de decisões refletem a vontade do Povo moçambicano, nosso patrão e razão da nossa existência.

Uma nota de gratidão vai para o nosso povo, que junto com o nosso Partido, renova uma relação de sintonia que começou há mais de cinco décadas.

Endereçamos, do fundo do coração, a nossa efusiva saudação a todos os delegados e convidados a este XI Congresso que presidimos, pela primeira vez, neste ciclo de liderança do Partido.

Em nome de todos vós, aproveitamos igualmente para saudar, de viva voz, a todos os quadros e membros do Partido, do Rovuma ao Maputo e do Zumbo ao Índico, e ao Povo Moçambicano, esse povo humilde, trabalhador e generoso, manifestando a nossa vênia, gratidão e consideração.

Uma saudação muito especial vai para os nossos convidados estrangeiros. Sentimo-nos felizes e honrados com a presença de todas as delegações dos Partidos amigos e dos antigos dirigentes dos Partidos irmãos.

A estes todos, vai o nosso Obrigado, khanimambo, ahsante sana.

UNIDADE, PAZ E DESENVOLVIMENTO

Caros Camaradas,

O nosso Congresso adoptou a palavra de ordem “Unidade, Paz e Desenvolvimento”.

A escolha desse lema foi apurada e criteriosa. Entendemos que esta palavra de ordem sintetiza os nossos principais desafios.

O Povo moçambicano conhece o valor da Unidade como a primeira ferramenta para construção da sua própria história.
A Unidade foi a arma fundamental que nos permitiu juntar as forças de todos os nacionalistas, com o objectivo de alcançar a Independência total e completa de Moçambique. A Unidade é a condição primeira para vencermos os desafios do presente e do futuro.

A Paz continua a ser a nossa prioridade, pois estamos cientes de que, sem ela, não podemos lograr o desenvolvimento económico almejado. A nossa prioridade é a intensificação do diálogo como a única forma justa e eficaz para superarmos as nossas diferenças e concentrarmo-nos nas nossas conquistas comuns.

A nossa agenda principal é o Desenvolvimento, como fim último da missão que nos foi incumbida pelo povo moçambicano. Temos que tudo fazer para que este imperativo seja atingido.

A Unidade, a Paz e o Desenvolvimento são os três pilares para a construção de um Moçambique melhor.

Este será, pois, o lema que iluminará os trabalhos do nosso Décimo Primeiro Congresso.

I CONGRESSO – CONGRESSO DA UNIDADE

Minhas Camaradas e meus Camaradas,

Distintos Convidados,

A 23 de Setembro de 1962, iniciávamos, na cidade de Dar-Es-Salaam, o Primeiro Congresso da FRELIMO, o Congresso da Unidade. Foi este Congresso que uniu os moçambicanos e traçou uma estratégia política e militar que nos levou à vitória sobre o colonialismo.

Hoje, 55 anos depois, com a mesma firmeza, com a mesma determinação e com o mesmo amor ao Povo, estamos aqui a iniciar o Décimo Primeiro Congresso da FRELIMO.

Este é um sinal inequívoco da vitalidade do nosso Partido: Parabéns, camaradas, parabéns aos membros e simpatizantes do Partido.
Obrigado ao nosso Povo, por nos ter apoiado ao longo desta heróica caminhada.

A FRELIMO – Frente de Libertação de Moçambique – nasceu num contexto histórico marcado pela chamada guerra fria. Foi um período histórico que assistiu a um vigoroso movimento de emancipação à escala mundial.

A FRELIMO encontrou nestes ventos nacionalistas um terreno fértil para a sua génese e o seu crescimento.

A FRELIMO contribuiu para esse amplo movimento com uma definição clara do inimigo a combater e dos objectivos políticos a alcançar. Tratava-se de libertar a terra e o homem. Tratava-se de alcançar a independência total e completa da nação moçambicana.

E tratava-se, sobretudo, de afirmar que a independência só seria realmente consagrada, se ajudasse a criar uma sociedade mais justa, mais igualitária e mais fraterna.

Caros camaradas,

Este nosso legado histórico é património dos moçambicanos e deve ser intransigentemente defendido. Mas nós não herdamos apenas uma linha política. Herdámos exemplos de grandeza humana, herdámos histórias de orgulho, de coragem e de elevação moral. Os princípios éticos que nortearam a luta pela independência são a nossa mais valiosa herança.

Estamos aqui para fazer com que a FRELIMO de hoje continue a preservar esse legado dos heróicos combatentes da luta de libertação. Vivemos novos tempos, enfrentamos novos desafios. Necessitamos de ajustar a nossa acção partidária às rápidas mudanças que acontecem dentro e fora do nosso país.

Mas não podemos nunca virar as costas aos princípios fundadores da FRELIMO, porque são esses valores que constituem a nossa identidade. Não existe, camaradas, uma fronteira que separa a política da ética.

Não basta, por isso, ter uma estratégia política actualizada. É preciso que o nosso partido continue a distinguir-se pelos valores que defende e que pratica.

Só assim reforçamos o respeito que granjeámos junto do povo. Só assim, camaradas, respeitaremos a memória dos que combateram pela libertação de Moçambique.

Temos uma história que se confunde com a libertação e o nascimento da nação moçambicana.
Esse glorioso passado não pode ser visto como uma condição automática para nos legitimar eternamente. A nossa legitimidade deve continuar a ser o resultado de um trabalho árduo e profundo junto das massas.

Uma das práticas mais antigas e sólidas da FRELIMO é o espírito de crítica e auto-crítica.

Não podemos deixar que esse espírito de vigilância esmoreça. Não podemos, por nenhuma razão, ter receio do debate aberto, contínuo e construtivo.

A diversidade de opiniões não é nunca um sinal de fraqueza.
Pelo contrário, essa diversidade é um sinal da nossa maturidade e da nossa coerência.

Continuemos a ser proactivos para que esse debate não seja exclusivamente interno. O debate deve incluir todas as diferentes sensibilidades presentes na nossa Nação a exemplo do que já soubemos antes fazer.

Caros Delegados e Estimados Convidados,

Na nossa tradição, os Congressos servem como momentos de balanço, análise e síntese das experiências do passado. Esse recuo no tempo ajuda-nos a pensar o presente e a desenhar o futuro.

Vale a pena fazer uma reflexão sobre a trajetória histórica da FRELIMO, recordando alguns dos seus marcos mais importantes. O primeiro grande momento acontece com a unificação das diversas forças nacionalistas, com destaque para a MANU, a UDENAMO e a UNAMI. Essas forças congregaram-se numa frente única, a FRELIMO.

E essa decisão foi consagrada pelo Primeiro Congresso, o Congresso da Unidade, cujo obreiro foi o saudoso Presidente Eduardo Chivambo Mondlane, o arquitecto da Unidade Nacional.

II CONGRESSO – CONGRESSO DA VITÓRIA

O Segundo Congresso em 1968, foi realizado em Matchedge, no Niassa.

Um intenso debate culminou com a adopção de uma estratégia, que conduziu à superação de contradições internas entre linhas políticas divergentes. Venceu a linha que definia claramente o inimigo e a necessidade de uma luta militar prolongada.

Este Congresso lançou as bases para a conquista da vitória. O Segundo Congresso é, pois, o Congresso da Vitória.

Alcançada a Independência, encerra-se a fase da luta armada de libertação e inicia-se o período da governação.

Dois anos depois da proclamação da independência, a Frente de Libertação transforma-se num Partido político de vanguarda.

III CONGRESSO – ADOPÇÃO DO CENTRALISMO DEMOCRÁTICO

Essa mudança que era necessária para enfrentar os novos desafios ocorreu no Terceiro Congresso, em 1977, em Maputo.

Neste Terceiro Congresso, lançámos os fundamentos para a construção de uma sociedade socialista. Elegemos os operários e os camponeses como a nossa base social.

Definimos a agricultura como o alicerce do desenvolvimento do País e a indústria como o seu factor dinamizador.

Estas decisões foram tomadas num momento em que a euforia da Independência era ainda sentida. Todos os moçambicanos viviam um clima de exaltação pela vitória sobre a dominação colonial.

As cooperativas, as aldeias comunais, as campanhas de alfabetização, a expansão da saúde, o Plano Prospectivo Indicativo (PPI) foram medidas que deram corpo a uma economia socialista de planificação centralizada.

O nosso Partido definia o Centralismo Democrático como o seu modo de funcionamento.
Os dirigentes do Partido eram, em boa parte, dirigentes do Governo. Éramos o Partido-Estado.

IV CONGRESSO – RECUPERAÇÃO SOCIO-ECONÓMICA DO PAÍS

Em 1983, o Quarto Congresso tomou um conjunto de medidas para, num contexto de guerra interna, travar a degradação das condições sociais e económicas do País.

Foram lançadas as bases para uma actuação mais pragmática na condução da política interna e externa. Esse pragmatismo ajudou a alargar simpatias internacionais e preparar o Acordo de Nkomati com o regime do apartheid.

Um novo contexto internacional, marcado pela queda do Muro de Berlim e o fim de um mundo bipolarizado, suscitou a necessidade de um realinhamento das opções nacionais.

V CONGRESSO – ADOPÇÃO DO MULTIPARTIDARISMO E DA ECONOMIA DE MERCADO

É neste quadro que, no ano de 1989, o Quinto Congresso inicia o processo de revisão da Constituição da República. Esta Constituição abrirá caminho para a futura adopção do multipartidarismo e da economia de mercado.

As mudanças operadas nos finais da década de oitenta constituíram, sem dúvida, momentos que marcaram a vida do Partido e do País.

De uma economia socialista, centralmente planificada e de um sistema monopartidário, transitámos para a economia de mercado e para um sistema multipartidário.

VI CONGRESSO – ABERTURA AO MULTIPARTIDARISMO

A convocação e realização antecipada do Sexto Congresso da FRELIMO, em 1991, justificou-se pela necessidade de adaptação às rápidas mutações políticas e sociais em curso.
Essa convocação deveu-se também ao prenúncio de mudanças que se avizinhavam para o País, como resultado das negociações que estavam em curso em Roma e que culminaram com a assinatura do Acordo Geral de Paz.

Com efeito e em resultado de um amplo processo de debate, o País adoptou uma nova Constituição que trouxe consigo a abertura ao multipartidarismo.

VII CONGRESSO – O PARTIDO DEIXA DE DIRIGIR O ESTADO

Estas transformações tiveram um ulterior impacto que, em 1997, foi abraçado pelo Sétimo Congresso que aprovou os novos Estatutos da FRELIMO. Nestes novos Estatutos, claramente, afirma se que o Partido não dirige o Estado, diferentemente do que estava consagrado nos Estatutos anteriores. O Partido age para influenciar a actividade do Estado e das autarquias locais.

Pode-se, assim, dizer que este foi o Congresso que, formalmente, abraçou o multipartidarismo.

VIII, IX e X CONGRESSOS – REALIDADE MARCADA PELA COMPETIÇÃO POLÍTICA

Seguiram-se o Oitavo, Nono e Décimo Congressos, nos anos 2002, 2006 e 2012, respectivamente, já num ambiente de democracia multipartidária, com a realização regular de eleições. O centro das atenções foi sempre a adequação do Partido a uma nova realidade marcada pela competição política.

Durante este período, reafirmámos como prioridade a consolidação da Paz, associada à reconciliação entre os moçambicanos de diferentes credos e convicções políticas. Esse novo clima contribuiu para o reforço do ambiente democrático em que vivemos no nosso País, propiciando a realização regular de eleições autárquicas e gerais.

De todo este historial que aqui foi sumariamente narrado, fica claro o papel de vanguarda do nosso Partido, liderando sucessivas transformações, que tiveram lugar na nossa pátria.

Caros Camaradas,

Ao refletirmos sobre o percurso da FRELIMO, verificámos que há um assunto que é recorrente em todas as etapas. Em todos os anteriores Congressos não sabíamos, à partida, até que ponto os órgãos do Partido estavam preparados para gerir de forma eficaz essas mudanças. Mesmo assim, agimos; mesmo assim, mudamos.

Não sabíamos, em cada um destes momentos, se o nosso Partido estava realmente equipado para liderar os processos de mudança. Mas essa dúvida não nos impediu de abraçar as mudanças e superar os desafios.
XI CONGRESSO – UNIDADE, PAZ E DESENVOLVIMENTO

Ao realizarmos, hoje, o Décimo Primeiro Congresso, estas questões colocam-se de novo e com maior acuidade. E de novo, recuamos à nossa narrativa histórica para buscar inspiração.

Em todo o nosso caminho ficou clara a justeza da palavra de ordem: “A vitória prepara-se, a vitória organiza-se”. É isto que deve ficar claro nos nosso debates: não se pode esperar vitórias, se não houver trabalho árduo.

Não nos esperam vitórias, se não houver, a começar pelos dirigentes, empenho e espírito de sacrifício.

Estimados Camaradas,

Um dos nossos desafios é, sem dúvida, a consolidação da democracia multipartidária no nosso País. Sejamos claros: viver numa democracia multipartidária implica ter que competir pelo Poder.

O nosso modo de competir pelo poder não passa nunca por agir contra os adversários. Faz-se como sempre se fez: construindo caminhos e soluções para Moçambique. Faz-se demonstrando, quotidianamente, ao nosso povo que somos a melhor garantia da defesa dos seus interesses.

Esta deve ser, camaradas, a discussão do dia no nosso seio…
A nossa responsabilidade política é enfrentar os desafios de competição política num ambiente em que a sociedade é cada vez mais aberta, informada e formada.

Falamos na mudança, sabendo que há princípios que são sagrados, princípios que não podem ser sujeitos à mudança. Um deles é a defesa dos interesses nacionais acima dos interesses de grupos. Outro princípio é o da Consolidação do Estado de direito.

É preciso que cada um dos nossos dirigentes escolha primeiro servir o povo e a sua pátria. Essa foi sempre a doutrina que norteou a actividade de quadros da nossa FRELIMO.

Se fomos capazes de vencer a dominação colonial, teremos que ser capazes de vencer a batalha contra a corrupção. Se fomos capazes de fazer calar as armas, teremos que saber combater o crime organizado e construir um país feito por todos os moçambicanos e para todos os moçambicanos.

Camaradas,

A proposta do Programa do Partido a ser apresentada a este Décimo Primeiro Congresso aponta para a construção de um país forte, unido e próspero.

Um País, onde a equidade, a justiça social e a proteção do ambiente sejam o nosso lema, a nossa bandeira. Vamos trabalhar para atrair investimento e facilitar o financiamento à iniciativa privada. Vamos colocar a agricultura no topo das nossas prioridades. Os que produzem emprego e bem-estar devem ser encorajados.

Não podemos ter serviços públicos que, em vez de serem parte da solução, encorajam a burocracia, os jogos de influência e a troca de favores.

Em meados do século Vinte e Um, queremos um país industrializado, com plena utilização das tecnologias de informação e comunicação e acesso à energia facilitada.

Visualizamos uma sociedade moderna e informada, com infraestruturas que facilitem a circulação de pessoas e de bens, incluindo a circulação de ideias. Uma sociedade em que o acesso à água e à habitação digna seja não apenas um direito, mas uma realidade.
Somos um País com uma população maioritariamente jovem. Estes jovens vão ser confrontados com exigências novas e globais, um mundo com velozes e imprevisíveis mudanças.

Precisamos de dotar os jovens moçambicanos de ferramentas necessárias para que possam ser, ao mesmo tempo, patriotas e cidadãos do seu mundo e do seu tempo.

Estimados Camaradas,

Desde o início da nossa luta que proclamámos a palavra de ordem: “Independência ou Morte, venceremos!”. Alcançámos a Independência política e essa conquista irá honrar para sempre o nosso Partido. Mas estamos ainda no processo de conquistar a Independência económica.

Empreendemos, hoje, essa batalha numa conjuntura internacional muito difícil. Sabemos que não se trata apenas de fazermos mais, precisamos de fazer de outra maneira.

Precisamos de encontrar modelos inovadores que rompam com os ciclos de dependência. E é também neste domínio que o nosso Partido deve manter a liderança. Não queremos continuar a ser meros fornecedores de matérias primas.

Queremos construir uma economia estruturalmente diferente, uma economia diversa e diversificada, fundada na transformação interna de produtos e na criação de uma riqueza duradoura. Projectamos um País com menos pobreza, mais auto-suficiente, com segurança alimentar e nutricional garantidas.

Não queremos ser parte de uma sociedade onde os mais ricos sufoquem os mais pobres. Batalharemos por uma sociedade de bem-estar, onde cada um de nós, moçambicanos, fruto do seu trabalho e empenho, beneficie das riquezas de que o País dispõe.

Esta deve ser, camaradas, a discussão do dia no nosso seio…

Dizemos e com razão que o nosso país é rico em recursos naturais. Esse deve ser um motivo para nos unir de Norte a Sul, para nos tornar mais fortes e solidários.

Teremos que garantir que as riquezas no solo e no subsolo sejam uma bênção e não uma maldição. Para que isso aconteça, precisamos de ter uma visão de longo prazo, uma visão que devemos alimentar durante os nossos debates.
Não pretendemos, em nenhum momento, comandar a nossa economia só com soluções pontuais e conjunturais. Não pretendemos governar apenas por via de campanhas e de projectos.

Os nossos debates devem garantir a sustentabilidade duma visão estratégica e uma cultura de antecipação.

É voz comum dizer que governar é resolver problemas. Mas a governação, para a FRELIMO, não se deve limitar a resolver os problemas.

Para nós, deve significar não deixar que os problemas aconteçam. Numa palavra, para dirigir, temos que nos antecipar ao futuro. As nossas discussões durante os dias que aqui estaremos, devem acautelar esta visão estratégica.

Para estarmos à frente do tempo, teremos que dotar a nossa juventude de conhecimentos técnicos e científicos, para que ela seja o verdadeiro agente de mudança, agente das transformações. E aqui não podemos ser complacentes. É preciso melhorar, radicalmente, a qualidade do ensino desde o nível primário passando pelo médio até ao superior.

Não seremos donos do nosso tempo, se não criarmos capacidade de pesquisa com prioridades bem claras. Teremos que influenciar para que essas prioridades sejam fundadas numa agenda nacional.

Não podemos confundir essa agenda com uma plataforma pública de lamentações. Precisamos de incentivar as instituições de ensino médio e superior a realizar actividades de investigação que apoiem o desenvolvimento da nossa sociedade.

Para estarmos à frente do tempo, precisamos de uma economia dinâmica e moderna. Não seremos capazes de construir essa economia sem o apoio de parceiros.

Temos que estimular o nosso sector privado, temos que acarinhar uma classe empresarial nacional.

Temos que promover o acesso ao financiamento, temos que reduzir os entraves burocráticos. E temos que reduzir os tempos de espera na tomada de decisões. As instituições do Estado não podem ser vistas como um travão. Deve ser o oposto.

Essas instituições devem ser facilitadoras do crescimento, devem dar o exemplo de uma governação eficaz e inclusiva.

Teremos que reforçar o combate sem tréguas contra a corrupção que corrói as instituições e mina os esforços do nosso desenvolvimento.

Não pode, caros camaradas, existir qualquer dúvida: o combate à corrupção é o mais urgente e vital de todos os desafios.

Neste domínio, não podemos adiar, não podemos tolerar. Esse grau zero de tolerância deve começar no nosso próprio seio, os nossos militantes devem ser um exemplo.

Em qualquer posição e em qualquer circunstância, os nossos quadros devem assumir a nossa tradição histórica de dedicação, compromisso e entrega ao país e ao povo. Esse compromisso de pureza e abnegação deve ser uma norma entre os funcionários do Estado, do topo até à base.
Os nossos quadros da educação, da saúde, da polícia, os agentes aduaneiros e de migração, de todos os sectores da função pública não podem abusar das suas funções. O nosso Congresso tem que reafirmar que esses abusos não podem ficar impunes.

Não pode haver tolerância com a ilegalidade, o suborno, a extorsão e todos os outros desmandos.
A FRELIMO não poderá permitir que se fechem os olhos a estes abusos, para que o nosso próprio prestígio não seja posto em causa.

Camaradas,

Distintos Convidados,

Na Agenda 2025, projectamos um crescimento médio anual e de forma contínua entre os 7 e 10 %, de modo a induzir o desenvolvimento acelerado e sustentado da nossa economia, assente em quatro prioridades: agricultura, energia, infraestruturas e turismo.

Em 2040, com base no último censo da população, as projecções indicam que seremos cerca de 46 milhões de Moçambicanos. Devemos encarar esta previsão com seriedade. Devemos balancear o que ela tem de positivo e o que ela traz como desafio. Uma vez mais, necessitamos de pensar estrategicamente.

Só assim potenciaremos as oportunidades criadas pelo crescimento demográfico. E só assim seremos capazes de enfrentar os desafios de uma crescente procura de alimentos, de água para o consumo, procura de infraestruturas de saúde, educação, habitação e de transporte.

Para o bem das futuras gerações, a nossa economia terá que correr mais rapidamente que a demografia. É a partir da nossa visão de longo alcance que o nosso Povo continuará a olhar para a FRELIMO como a sua alternativa mais segura e mais credível.

DESCENTRALIZAÇÃO

Estimados Camaradas,

Um dos assuntos cruciais da nossa jovem democracia tem a ver com a descentralização.

E aqui, temos que ter orgulho, porque fomos nós que iniciamos esse processo mesmo antes da Independência. O Congresso de 1968 aprovou um modelo de gestão descentralizada das zonas libertadas.

Esse processo descentralizador foi generalizado no período de transição, através dos grupos dinamizadores e, mais tarde, institucionalizado em todo o País, através das Assembleias do Povo. Esses modelos de gestão local foram testados, foram reformulados e reajustados. Essa experiência de gestão participativa precisa de ser prosseguida e enriquecida.

Partilhemos, Camaradas, uma mesma certeza: o processo de descentralização constitui um dos mecanismos indispensáveis para a materialização da nossa vontade política de consolidar o nosso Estado de Direito Democrático e de Justiça Social.

Não deve existir conflito entre descentralização e preservação da nossa maior conquista que é a unidade nacional. Uma governação mais eficiente e participada do nosso país necessita do suporte de uma descentralização ponderada e responsável.

Quero convidar a todas as minhas camaradas e todos meus camaradas a revisitar aquilo que aqui já foi dito. E volto a repetir: “tal como os combatentes fizeram no passado, devemos nós também estar preparados para operar mudanças no nosso seio e continuar a assumir a liderança das transformações que se impõem no século Vinte e Um.

Temos que continuar a assumir a liderança no processo de descentralização do País.

TESES AO XI CONGRESSO

Camaradas,

Todos os assuntos que acabámos de enunciar traduzem de forma sumária as Cinco Teses que foram elaboradas para este Décimo Primeiro Congresso. Essas teses resultam, como já dissemos, de amplos debates no seio dos militantes e simpatizantes do Partido e da população em geral.

O entusiasmo que sempre encontramos é um sinal da grande expectativa de todos os moçambicanos, em torno dos resultados do XI Congresso da FRELIMO. Dos debates que iremos realizar, ao longo dos próximos seis dias, sairá o Programa que irá guiar as actividades da FRELIMO, ao longo dos próximos cinco anos.

Aqui, definiremos a base dos manifestos eleitorais para as eleições autárquicas de 2018 e as eleições Gerais de 2019, bem como os programas de governação dos municípios e do País como um todo. Quanto mais e melhor debatermos, mais garantimos a qualidade do nosso papel de vanguarda.

Caros Camaradas,

A abordagem que acabámos de trazer, aqui, mostra, claramente que Moçambique e a FRELIMO estão a passar por um processo acelerado de transformações. Estas mudanças exigem dos quadros, militantes e simpatizantes do Partido uma adaptação e capacitação permanentes.

Para isso, impõe-se que afinemos a nossa máquina, ajustando o nosso nível de organização, cultivando permanentemente a unidade e a coesão interna. Mais uma vez, deve estar presente que necessitamos de reforçar o espírito de total dedicação e de trabalho intenso.

Devemos reforçar as acções que visam disciplinar, cada vez mais, os membros da FRELIMO.

É fundamental, também, que intensifiquemos as acções de formação dos quadros, dos órgãos de direcção e das Organizações Sociais do Partido, a todos os níveis, para que estejam à altura dos novos desafios.

Devemos aprofundar e consolidar a democracia interna no seio do Partido, para que opiniões e pontos de vista divergentes possam encontrar plataformas de discussão livres e produtivas.

O debate de ideias, por mais diferentes que sejam, deve continuar a ser promovido no seio dos militantes e dos órgãos, com a consciência de que estamos a viver numa sociedade cada vez mais aberta e diversa.

AS ORGANIZAÇÕES SOCIAIS DO PARTIDO
Camaradas,

Às Organizações Sociais do Partido, impõe-se que se organizem para agirem como catalisadores da acção do Partido.
Em toda a nossa história, a Juventude moçambicana assumiu um papel central.

Aos Jovens do 25 de Setembro, muitos dos quais presentes nesta sala, devemos a dignidade de termos uma Pátria, uma nacionalidade, um Hino, uma Bandeira. Foram estes jovens que se juntaram à luta, sacrificando os seus sonhos e a sua vida, derramando o seu precioso sangue. Foram estes jovens que venceram o exército colonial português e conquistaram a Independência para todo o Povo moçambicano.

A estes Jovens do 25 de Setembro – os Combatentes da Luta de Libertação Nacional – cabe, hoje, à ACLLN, a alta responsabilidade de transmitir às novas gerações o espírito de amor à Pátria, de sacrifício, de estudo e de amor ao trabalho.

Há 55 anos, 25 jovens moçambicanas decidiram juntar-se à luta de libertação. O seu exemplo galvanizou milhares de outras mulheres. Este foi o primeiro passo da desconstrução dos preconceitos em relação ao papel reservado à Mulher na nossa sociedade.

Ao longo dos mais de 42 anos de Moçambique independente e graças às oportunidades iguais dadas a homens e mulheres,
a Mulher moçambicana está a revelar o seu potencial em todos os campos da vida do País.

A par destas importantes conquistas da Mulher, prevalecem, porém, grandes desafios.

A OMM deve assumir a liderança nestes processos, prosseguindo a luta pela efectiva emancipação das mulheres e pela sua afirmação em todos os campos da vida do País.

Alcançada a Independência, foi a Juventude que assumiu o desafio de edificação do Estado moçambicano e da defesa da soberania e integridade do nosso País. Foram os jovens que aceitaram o desafio de liderar as frentes da luta económica, social e cultural.

Por constituírem a grande maioria da nossa população, cabe aos jovens assumir a liderança no processo da sua auto-superação.
Ninguém, mais do que os nossos jovens de hoje, teve acesso às oportunidades de educação e às tecnologias de comunicação.

Espera-se que a nossa OJM lidere os processos de consolidação da Unidade Nacional e da Paz, de edificação de um Estado de Direito, Democrático e promotor da Justiça Social.
A Juventude significa sangue novo, renovação e garantia de futuro do nosso Partido e felicidade para o nosso povo.

SOLIDARIEDADE E DIPLOMACIA DO PARTIDO
Caros Camaradas,
Estimados Delegados e Convidados,

Desde a sua criação, a FRELIMO contou sempre com o apoio de Povos e Partidos amigos com quem mantém relações de amizade e de cooperação.

Através da nossa constante solidariedade, somos igualmente uma referência na promoção de uma diplomacia voltada para a estabilidade política, social e económica.

Devemos intensificar a nossa acção diplomática por forma a consolidarmos a boa imagem do nosso Partido contribuindo para a contínua projecção de Moçambique, além-fronteiras e para um reforço do seu prestígio no concerto das Nações.
Estamos conscientes que uma boa reputação se conquista com acções concretas que reforcem o nosso prestígio. A diplomacia faz-se com actos, mais do que com palavras.

HOMENAGEM A MILITANTES

Camaradas Membros do Comité Central;
Estimadas Delegadas e Estimados Delegados;
Caros Convidados;
Minhas Camaradas e Meus Camaradas,

Queremos, neste momento, prestar homenagem a todos os membros deste nosso glorioso Partido. A nossa homenagem vai, em primeiro lugar, para aqueles que, ao longo de todos estes anos, asseguraram a liderança da nossa FRELIMO.

Eduardo Mondlane, Samora Machel, Joaquim Chissano, Armando Guebuza: a todos, queremos expressar a nossa total gratidão. Em momentos diversos, foi sob a sua firme direcção que superámos os desafios e vencemos as vicissitudes.
Na pessoa do Camarada Joaquim Chissano e do Camarada Armando Guebuza, aqui presentes, permitam-me que preste tributo a todos os militantes de ontem e de hoje, a todos os quadros presentes e ausentes, a todos os camaradas de Norte a Sul do País.

Uma menção particular de apreço ao Camarada Armando Guebuza que conduziu com sucesso a primeira metade deste ciclo de liderança do Partido que termina com este Congresso.

Queremos, igualmente, neste momento, saudar de forma específica aos dois camaradas proclamados heróis vivos pelo Estado moçambicano. Refiro-me ao Camarada Marcelino dos Santos e ao Camarada Feliciano Gundana.

Estes camaradas, de forma exemplar, têm sabido passar o testemunho de heroicidade às novas gerações que os tem estado a suceder, etapa após etapa.

Como dissemos, desde a sua fundação, em 1962, a Frelimo liderou com sucesso processos que transformaram Moçambique de país colonizado ao Moçambique dos nossos dias.
As grandes páginas da nossa história recente foram assinadas pelo nosso glorioso Partido. Temos a consciência, porém, que não fizemos tudo isso sozinhos.

Essas vitórias resultaram da participação de todos os moçambicanos e assim queremos que continue a acontecer.

Acreditamos, hoje e a partir deste Congresso, que nós, a FRELIMO, unidos numa linha política clara, venceremos as novas batalhas.
Permitam-me que conclua esta intervenção, que eu gostaria que tivesse sido mais breve e sucinta. Mas eu necessitava de partilhar convosco o meu pensamento sobre assuntos que são cruciais para a vida do nosso Partido.
Tive o privilégio de, num outro contexto, partilhar esta minha visão com todo o Povo moçambicano, durante a minha tomada de posse como Chefe de Estado.

Vamos durante o Congresso conduzir os nossos debates de modo a fortalecer os mais altos valores de Solidariedade, de Transparência, de Integridade e de Trabalho árduo.

A eleição para os Órgãos é um acto que deriva dos nossos estatutos, da nossa democraticidade interna e da necessidade de dar mais vigor e vitalidade ao funcionamento do nosso Partido, o Partido FRELIMO. A eleição para os Órgãos é apenas um ponto da nossa substancial agenda.

Vamos focalizar os nossos debates para um Moçambique de Paz, Moçambique que consolida o seu Estado Democrático e luta, dia a dia, para a melhoria do nível de vida dos seus concidadãos. Vamos investir os nossos debates para um Moçambique Desenvolvido, Forte e próspero.

Estou certo, caros Camaradas, que saberemos vencer os desafios de hoje, da mesma forma como fomos capazes de libertar a nossa pátria e construir uma nação livre e democrática.

Camaradas, desta forma, Declaro publicamente aberto o Décimo Primeiro Congresso da FRELIMO.

Bom trabalho a todos!

FRELIMO HOYEE!

Discurso do Camarada Filipe Jacinto Nyusi, Presidente da FRELIMO, por ocasião da Abertura do XI Congresso

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Primeiro Discurso de Estado proferido por Samora Moisés Machel, Presidente da FRELIMO, por ocasião da sua tomada de posse como Presidente da República Popular de Moçambique

Maputo, 25 de Junho de 1975

Moçambicanas, Moçambicanos;

Operários, Camponeses, Combatentes, Compatriotas:
Às zero horas de hoje nasceu a República Popular de Moçambique, Estado que nasceu do combate multissecular do nosso povo pela liberdade e independência. Estado em que pela primeira vez no nosso país se implanta o poder da aliança dos trabalhadores.

A nenhum moçambicano, a nenhum cidadão de qualquer país, livre ou ainda oprimido, escapa a profunda significação histórica deste momento na vida do nosso povo, como não escapa também a dimensão internacional deste facto em relação à Comunidade das Nações da qual passamos a fazer plenamente parte integrante.

Mas é menos sobre o presente, embora exaltante que vivemos e que transparece nas nossas faces, nas nossas casas, nas nossas ruas, mas que existe mais profundamente ainda nas nossas consciências, é menos sobre esse presente imediato de alegria, de entusiasmo e de euforia que queremos falar. Queremos sobretudo recordar o passado para melhor poder projectar o futuro.

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Basilio Muhate, historia de mocambique, Inteligencia dos Moçambicanos, Literatura Moçambicana, Moçambique, Samora Machel

​DISCURSO PROFERIDO PELO DOUTOR EDUARDO CHIVAMBO MONDLANE, PRIMEIRO PRESIDENTE DA FRELIMO, NA SESSÃO DE ABERTURA DO I CONGRESSO DA FRELIMO 

Dar-es-Salaam, 23 de Setembro de 1962

FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique) nasceu da fusão de três movimentos (MANU, UNAMI e UDENAMO). Esse processo foi antecedido de reuniões e consultas entre os vários actores então envolvidos. Como resultado desses encontros, foi criada uma comissão constitutiva para a formação de um único movimento. A comissão, composta por Marcelino dos Santos, Pascoal Mocumbi, João Munguambe, Feliciano Gundana, trabalhou e organizou a primeira reunião que culminou com a formação da Frente de Libertação de Moçambique – FRELIMO, em 25 de Junho de 1962. Após a criação, os militantes deste movimento decidiram organizar o primeiro Congresso, órgão máximo do movimento, para definir os objectivos, os programas e as acções concretas para que todos os Moçambicanos que aderissem ao movimento libertador os assumissem com coragem e determinação . Assim, o primeiro Congresso da FRELIMO realizou-se em Dar-es-Salam, entre 23 e 28 de Setembro de 1962, no “Arnotorgh Hall”. Estiveram presentes 80 delegados e 500 observadores . Entre os convidados estavam duas figuras de alto nível da TANU e do Governo de Tanganhica que fizeram discursos de encorajamento e de prontidão do povo tanzaniano na procura do caminho para a Independência de Moçambique. Tratou-se do então Vice-Presidente Rashidi Nfaume Kawawa e de Oskar Kambona, Ministro dos Negócios Estrangeiros e da Defesa Nacional .

Na abertura do Congresso, o Presidente da FRELIMO, Doutor Eduardo Chivambo Mondlane, proferiu o seguinte discurso:

Compatriotas Moçambicanos, irmãos Moçambicanos.

Sentimos um grande prazer por, mais uma vez, vos ver reunidos nesta sala. Estivestes aqui presentes ontem, feriado, e depois de um longo dia de intenso trabalho, eis que nos vemos novamente.

A vossa presença compatriotas, constitui, em si uma prova indiscutível do interesse que tendes pela árdua luta contra o colonialismo. Mostra ainda que nenhuma circunstância, por mais difícil que ela seja, vos impedirá de continuar a lutar.

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Basilio Muhate, Comercio em Moçambique, economia de mocambique, Governo de Moçambique, INAE

INAE : assim é que é !

Quando em 2010 o então Ministro  Indústria e Comércio de Moçambique, Antonio Fernando lançou a Inspecção Nacional das Actividades Económicas (INAE) disse que o  objectivo era a redução de inspecções que actuam sobre os agentes económicos, da corrupção e que as inspecções fossem feitas apenas pelo corpo único. Na altura apelou-se a participação do público na denúncia de irregularidades por parte dos fiscais e exortou-se também aos agentes econômicos a venderem produtos que não atentassem contra a saúde do consumidor.

Passados sensivelmente 7 anos, vale a pena reconhecer que a criação da INAE hoje transforma-se em resultados visíveis, sob liderança de MARIA RITA FREITAS, pelo trabalho que esta instituição vem levando à cabo.  Vimos exemplos de alguns estabelecimentos comerciais encerrados em Maputo, em Nampula e outros pontos por problemas de vária ordem. Não interessa a ninguém ter uma inspecção e ser vitima de alguma ausência de uma inspecção. A INAE está a fazer apenas o seu trabalho e a produzir resultados que satisfazem os consumidores e contribuem para a protecção da saúde pública em Moçambique. Por isso é importante potenciar esta instituição.

É importante que os agentes económicos em geral colaborem nestas iniciativas que a INAE tem levado à cabo, pautando por uma postura que propicie bom atendimento, higiene e segurança para os trabalhadores e para o público em geral. Não faz sentido que a INAE encerre um estabelecimento hoje e o vizinho ao lado não tome imediatamente as devidas providencias. Aqueles estabelecimentos comerciais que ainda não observam as exigências básicas para o seu bom funcionamento devem se preocupar em melhorar e não aguardar que venha uma inspecção para faze-lo.

Bem haja INAE

 

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Basilio Muhate, economista Basilio Muhate

Salários dos Políticos

O The Economist reporta que na passada segunda feira, o Primeiro Ministro do Quénia, Raila Odinga, rejeitou o reajuste salarial que lhe foi concedido pelo parlamento  na semana passada. Odinga, com o incremento salarial proposto pelo parlamento, passaria a auferir cerca de USD 430.000 anuais o que o colocaria entre os líderes políticos mais bem pagos do Mundo.  Este salário, segundo a minha fonte, seria 240 vezes maior do que o PIB per-capita do Kenya  (medido em uma base de paridade de poder de compra).

O debate em torno destes números pode ser complexo, na medida em que estes são salários base e não incluem regalias e subsídios e outros bónus dos estadistas. O Presidente da Índia, como se pode ver na figura abaixo, tirada do The Economist, é o que tem o salário base anual mais reduzido.


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35 anos de independencia; Mozambique Economics, Basilio Muhate, Basilio Muhate, economista Basilio Muhate

35 anos de Independencia: O PERCURSO DA ECONOMIA DE MOÇAMBIQUE

Moçambique celebra hoje 35 anos de independência Nacional e importa referir que a economia de Moçambique floresceu durante este percurso, pese embora a Guerra de desestabilização tenha constituído um dos maiores entraves ao crescimento e desenvolvimento económico do País ao longo deste período. O Acordo de Paz, em 1992, permitiu que Moçambique registasse taxas de crescimento económico que constituíram referência internacional e registaram-se melhorias significativas dos padrões de vida dos Moçambicanos nos últimos 18 anos. Não há dúvidas que persistem desafios ao desenvolvimento do país, na coordenação e implementação de políticas, e na concentração do focus da economia na base produtiva.
Logo após a independência, a economia de Moçambique estava praticamente ligada ao modelo de gestão económica colonial, e a saída de recursos humanos, materiais e financeiros para a “metrópole” deixou a nova liderança política fragilizada e com a necessidade de iniciar um novo processo de reestruturação económica do País. Foi assim que a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), adoptou a partir de 1975 medidas económicas tais como as nacionalizações, o encerramento das fronteiras com a Rodésia, a Adopção do Plano Prospectivo e Indicativo (PPI), dentre outras medidas de centralização da economia.
Os primeiros sinais de recuperação económica poucos anos após a proclamação da independência, com o apoio de países socialistas como a URSS, China, Cuba e Argélia foram seguidos de uma profunda crise no princípio da década 80, caracterizada pelo declínio da produção agrícola e industrial em mais de 20%, depreciação do metical, redução das reservas alimentares e financeiras, e um decréscimo das exportações do País. As nacionalizações e o controlo, pelo estado, das principais empresas produtivas do País e a adopção de um modelo de economia centralmente planificada retraiu o investimento estrangeiro e como o país não dispunha de capital humano suficiente, a gestão destas empresas não foi satisfatória durante o período. Esta situação levou a um deficit do PIB de cerca de 15%.
Este cenário levou a que o Governo Moçambicano aderisse, em meados da década 80, às instituições de Bretton Woods, nomeadamente o Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial (BM) , e adoptou novos programas de ajustamento estrutural da economia (PRE, PRES) e mais tarde até 1992 uma série de medidas de política económica fossem tomadas, nomeadamente a aprovação de uma nova constituição, a mudança do sistema de economia centralizada para uma economia de mercado, com abertura ao livre comércio, a reestruturação e privatização de empresas Estatais. Como resultado, o PIB voltou a mostrar sinais de crescimento a partir de finais da década de 80.
Do Acordo de Paz em diante
No entanto, o País continuava a registar uma fraca integração de mercados e da economia, assim como infra-estruturas económicas e sociais em constante degradação devido à guerra de desestabilização. Em 1992 é assinado o Acordo Geral de Paz que põe fim a 16 anos de guerra civil no País e permite uma maior circulação de pessoas e bens em todo o território nacional. Este acordo permitiu que fosse desenhadas novas políticas e programas que permitiram que nos anos subsequentes fosse possível a construção e reconstrução de infra-estruturas, a expansão da distribuição de bens e serviços aos cidadãos, a reforma do sector público, a recuperação da industria e da agricultura, dentre outros factores de crescimento e desenvolvimento económico.
O PIB vem crescendo a taxas favoráveis nos últimos 5 anos, ou seja, entre 8% a 9% ao ano em média. A partir de meados da década de 2000 iniciou uma nova fase na dinâmica de crescimento da economia Moçambicana, através da captação de mega-projectos de investimento, com destaque para Mozal, Sasol, HCB, Vale, Riversdale, Areias Pesadas de Moma, dentre outros, que constituem uma forte alavanca no crescimento económico e na geração de postos de trabalho. Por outro lado, o Governo Introduziu o Fundo de Investimento e Iniciativa Local (FIIL) para potenciar a base produtiva da economia e financiar directamente os agentes económicos que actuam nos distritos do País, nas zonas rurais, na produção de alimentos e na criação de postos de trabalho.
Ainda há muito diamante
Se tomarmos em consideração o percurso da economia de Moçambique nos últimos 35 anos podemos afirmar que ainda há muito “diamante por lapidar” para o desenvolvimento do País. As taxas de crescimento económico satisfatórias mostram que é possível assegurar um desenvolvimento económico próspero nos próximos tempos em Moçambique, mas para tal é necessário tomar-se em consideração alguns elementos:
Maior coerência e integração de políticas, programas e acções de desenvolvimento económico a estratégia de desenvolvimento do país deve estar bem definida e evitar no máximo distorções sectoriais, ou seja, todas as políticas económicas devem almejar o mesmo objectivo comum seja ele a redução da pobreza, ou o incremento do PIB per-capita, ou o crescimento económico. Verifica-se que ainda persistem lacunas de coerência e integração na formulação e implementação de políticas de desenvolvimento. A título de exemplo existem três grandes corredores de desenvolvimento horizontais e paralelos (norte, centro e sul) e nestes 35 anos ainda há necessidade de um corredor potenciado norte-sul para fazer a integração inter-regional de Moçambique. Este é um desafio para os próximos anos no âmbito da integração.
Será necessário que a planificação do desenvolvimento económico busque as combinações de políticas fiscal e monetária e as ajuste mais gradualmente à realidade de crescimento e desenvolvimento que se pretende alcançar no País. A expansão do sector e dos serviços financeiros no país deverá acompanhar a evolução da produção e do sector real da economia. O Governo e o Banco Central devem incrementar o diálogo nos próximos tempos.
Investimento em Infra-Estruturas
A existencia de infra-estruturas continua a representar uma condição para o crescimento e desenvolvimento de economias como a Moçambicana. Estradas, Vias-férreas, pontes, fábricas, comunicações, energia eléctrica, recursos hídricos, Aeroportos, etc., continuam a ser necessários em Moçambique. As infra-estruturas existentes ainda estão aquém de cobrir as necessidades de desenvolvimento que o país impõe, apesar dos avanços significativos que se registaram nos últimos 35 anos. Será importante financiar infra-estruturas de apoio à produção agrícola e industrial para o aumento da produção e das exportações.
Nos Sectores de sucesso e mega-projectos Será necessário visualizar e potenciar os sectores mais competitivos e lucrativos da economia mundial nos próximos tempos, nomeadamente a extracção mineira, a produção de energia, o turismo com um enorme potencial por explorar, e as telecomunicações. A Evolução destes sectores demonstra que têm enorme potencial nos mercados interno e internacional e geram economias de escala, por isso os agentes e os fazedores de política económica deverão olhar para estes sectores de modo a buscar mais-valias e parcerias externas que possam trazer vantagens para os Moçambicanos.

 
Na agricultura quanto maior for a contribuição da agricultura no PIB de Moçambique, mais eficaz será a redução da pobreza no País.Sendo a base de desenvolvimento da economia de Moçambique, segundo a constituição, e sendo o sector produtivo onde se concentra a maior parte da população Moçambicana, nunca deve ser terciarizada ou negligenciada pois é deste sector que o rendimento disponível da maioria das famílias Moçambicanas depende. Será importante um grande investimento e intervenção na Revolução Verde e nos diferentes programas de desenvolvimento da agricultura, mas a ideia central deve ser tirar gradualmente o pequeno agricultor familiar Moçambicano de uma situação de subsistência para níveis mais elevados.

Fortalecimento de pequenas e médias empresas – É importante potenciar o pequeno e médio empresário Moçambicano através da criação de uma rede consolidada de pequenas e médias empresas, de modo a que a riqueza seja melhor distribuída, e que haja mais postos de trabalhos para os cidadãos. A estratégia de desenvolvimento de pequenas e médias empresas deverá ser potenciada no recém-criado Instituto para Promoção das Pequenas e Médias Empresas de Moçambique (IPEME).
O desenvolvimento de Moçambique passa pelos grandes projectos como a Ponte Armando Guebuza, sobre o Rio Zambeze, maior obra desde a independencia nacional, ou a ponte sobre o rio Rovuma, dentre outros, mas o País precisa de sair da situação de pobreza em que se encontra com os recursos de que dispõe. Isto significa que mesmo que as empresas cresçam, os bancos cresçam, os mega-projectos gerem lucros, e que haja mais infra-estruturas, é preciso assegurar que os Moçambicanos fiquem mais ricos e menos pobres.
Basílio Muhate in Caderno de Economia & Negócios, Jornal notícias 25/06/2009
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Basilio Muhate, crise financeira, economia de mocambique, Governo Moçambicano, Luisa Diogo

Sobre a Crise Financeira Internacional (Primeira-Ministra Luísa Diogo na AMECON)

A Economista Luisa Diogo, Primeira-Ministra Moçambicana, apresentou numa Palestra organizada pela AMECON, as oportunidades e desafios que se impõem à economia Moçambicana face à crise financeira internacional. Desta vez, a Primeira Ministra assumiu inequivocamente que Moçambique não tem meios de ficar alheio à crise.
Esta nova abordagem da economista Luisa Diogo, na sua qualidade de Primeira-Ministra da República de Moçambique, vem demonstrar claramente que o Governo Moçambicano está gradualmente a visualizar a crise financeira internacional de forma mais sincronizada em termos de desafios e oportunidades, e vai-se forjando uma abordagem conjunta em relação às medidas fiscais, monetárias e cambiais a serem tomadas em face ao abanão que afecta as economias mais fortes do mundo, em particular a banca.

Uma economia como a Moçambicana, que depende em mais de 50% do financiamento externo dificilmente poderá ficar alheia à oscilações macroeconómicas no resto do mundo, ou à variações profundas nas taxas de juro ou de câmbio nos mercados dominantes da região (eg. África do Sul) e do Mundo (eg. EUA). A médio e longo prazo os efeitos fazem-se sentir.
Segundo a Primeira-Ministra, há uma prespectiva de crescimento económico em Moçambique entre os 5% e 6% no presente ano, segundo as projecções do Banco de Moçambique e, caso isso não aconteça haverá uma necessidade de reajustamento da economia.

Em relação ao sistema financeiro Moçambicano aponta-se o fortalecimento da supervisão bancária e adópção de medidas de política monetária e cambial que assegurem a estabilidade financeira e uma variação cambial que promova exportações.
Em relação a este ponto é preciso olhar para as variações cambiais do metical em relação ao Dólar Norte Americano e ao rand de Janeiro a Março de 2009. Mesmo com a injecção de cerca de 270 milhões de dólares norte americanos no mercado durante o ano de 2008, observa-se, por um lado a apreensão do sector privado nacional em relação à escassez de dólares no mercado, e por outro lado uma variação da taxa de cãmbio de 25mt/usd para cerca de 26,9mt/usd de Janeiro a Março corrente.
Promoção de Habitos de Poupança – Recentemente em Conferência de imprensa, o Porta-voz do Governo Moçambicano, Luis Covane disse que o índice de poupança em Moçambique situa-se entre os 10% e 12% (baixo índice), contra os 25% desejados . Procurei buscar alguns dados sobre o PIB e as suas componentes no INE e encontrei este documento que faz referência a alguns dados oficiais sobre consumo e investimento/poupança em Moçambique que podem ajudar-nos a compreender melhor o fenómeno.
Mas a questão Mantêm-se: como estimular a poupança das familias Moçambicanas num contexto de crise financeira internacional?
Evidentemente que a expansão da rede bancária até as zonas rurais é uma grande contribuição pois aumenta a capacidade de resposta ao investimento interno, Mas e depois ? quem vai fazer as poupanças nesta nova rede de Balcões bancários espalhados por todo o País ? são os investidores locais, são os cidadãos ? Então é necessário acompanhar esta expansão da rede bancária com uma expansão e gestão do fundo de desenvolvimento local alocado aos distritos pelo governo moçambicano, sob pena de termos bancos comerciais e um fundo de desenvolvimento a concorrerem de forma desajustada ao nível dos distritos. talvés seja esta uma das razões para o receio da banca comercial em apressar-se aos distritos em contextos de crise, sem a prévia negociação com o governo.
O grande debate sobre o Desafio do salário Mínimo em Moçambique, aliado ao mercado de emprego é um assunto que não deve ser ignorado pelo grupo criado pelo Governo moçambicano para fazer face à crise financeira . O grupo constituído pelos Ministros das Finanças, Planificação e Desenvolvimento, Agricultura, Indústria e Comércio e com a Participação do governador do Banco de Moçambique tem a missão de olhar igualmente pelo mercado de emprego, que envolve o sector privado, os sindicatos e o próprio governo na busca de um equilibrio do salário mínimo. A título de exemplo os sindicalistas já vieram a publico defender que a cesta básica de um trabalhador Moçambicano está avaliada em cerca de 5.000Mt/mês = 200 USD/mês, no entanto actualmente o salário mínimo ronda aos 1900Mt/mês = 74,5 USD/mês. O grupo tem que analisar com cautelas os efeitos da crise sobre a produtividade de mão de obra nos mega-projectos nacionais.
Apesar de ter ficado impressionado em relação à visão macroeconomica apresentada pela chefe do Governo Moçambicano, é importante, (e acredita-se que chegar-se-á a esse ponto) que o Governo se concentre em medidas mais específicas de reacção e procurem alcançar o consumidor final. Queria ter ouvido mais a Primeira-Ministra a falar sobre os desafios e as oportunidades para os CIDADÃOS Moçambicanos face à crise financeira internacional, como é que os seus bolsos são directamente afectados e que oportunidades podem encontrar no dia-a-dia, para os consumidores, para os pequenos e médios contribuíntes da economia Nacional que são aos milhares. Queria também ouvir um pouco mais sobre o estimulo à poupança nas zonas rurais em particular, onde a agricultura de subsistência é a actividade dominante das familias. Penso que o tempo não foi suficiente.
Há que reconhecer e dar a devida vénia a um aspecto, um desafio lançado pela Primeira-Ministra, Luisa Diogo aos economistas Moçambicanos. É necessário que os economistas Moçambicanos façam a análise em relação a crise financeira internacional, principalmente a nível sectorial, em particular à AMECON. Moçambique carece de debate mais aberto, profundo e participativo sobre a sua economia protagonizado por economistas Nacionais, principalmente os académicos e investigadores. O debate ainda está reduzido a um grupo muito restrito de economistas Moçambicanos. o debate académico crítico e construtivo poderá constituir uma plataforma para que o governo e outros actores e agentes busquem subsídios teóricos e práticos para facer face ao mercado.
Basílio Muhate
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