Processo de Paz em Moçambique

A FACE OCULTA DO CONFLITO*

Existem algumas coisas sobre as quais já não tenho dúvidas: o comportamento dos políticos é determinado pelos seus cidadãos; aliás, nenhum de nós devia duvidar disso. Um adágio popular que diz que cada povo tem o governo que merece. Mas quero alargar esse quadro normativo para abranger toda classe política nacional. O meu argumento é de que nós cidadãos, somos produtores da nossa classe política e dos problemas que ela enfrenta. Tentarei nas linhas que se seguem, demonstrar como isto tem sido possível, tirando proveito dos recentes eventos e progressos da política nacional.

Desde 2010 que tenho escrito sobre as condições produtoras do conflito armado. A minha análise centra-se essencialmente sobre a qualidade dos cidadãos, do impacto do acesso ou não à informação, da qualidade da informação disponibilizada aos cidadãos e o discurso político produzido em Moçambique. Por último, tenho refletido também sobre o papel dos formadores da opinião bem como dos intelectuais no geral. Na verdade, postulo que o conflito político-militar tem muito a ver também com o tipo de cidadãos que somos do que necessariamente com os políticos em si.

Com relação ao conflito político-militar, sempre despoletado a seguir a cada pleito eleitoral, temos um problema concreto que é o desafio de transformação da Renamo em partido político totalmente civil. Aqui, o gato com rabo-de-palha consiste em apenas acusar os governos nacionais anteriores de não terem contribuído para na desmilitarização da Renamo, quando TAMBÉM a própria história da Renamo apresenta evidências fortes de falta de vontade da própria Renamo (ou dificuldade) em se institucionalizar.

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